Uma preocupação está mobilizando lideranças de Derrubadas para proteger o patrimônio ambiental do Parque Estadual do Turvo. Com cerca de 17.500 hectares, é o último refúgio para animais em extinção como a onça-pintada, a anta e o gavião-real (harpia) no Rio Grande do Sul. O principal atrativo turístico do parque é o Salto do Yucumã, a maior queda d’água longitudinal do mundo, com 1.800 metros de extensão.
O problema é a retomada de um projeto antigo, que prevê a construção de uma barragem entre o Brasil e a Argentina, na divisa dos municípios de Alecrim e Panambi, no rio Uruguai. A proposta é alvo de uma ação do Ministério Público Federal (MPF), já que estudos apontam que 63 hectares da reserva seriam alagados em consequência dos impactos da construção.
Para dar agilidade ao processo, lideranças da região da grande Santa Rosa, com articulação do senador Luis Carlos Heinze (PP), buscam apoio da Assembleia Legislativa apresentaram uma alternativa que estabelece o aumento da área do parque, visando compensar o que possivelmente seria encoberto pelas águas. O tema foi discutido em reunião da Associação dos Municípios da Grande Santa Rosa (AMGSR), com participação também de prefeitos da Associação dos Municípios das Missões (AMM) e Amuceleiro.
O projeto deverá ser apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro ao líder argentino Macri, em busca de um acordo para viabilizar a construção, que abrange os dois países. O investimento inicial na usina seria de R$ 5 bilhões, o que, conforme os municípios envolvidos, resultaria em benefícios econômicos para as localidades, facilitando a logística, melhorando a infraestrutura e incentivando a instalação de novas empresas.
Preocupação
O prefeito de Derrubadas, Alair Cemin manifestou preocupação em relação à demanda. “Já é uma proposta que foi parada judicialmente pelo impacto ambiental que vai causar”, destacou. A secretária de Turismo do município, Angelita Bomm dos Santos frisa a importância da mobilização da região, por meio das esferas políticas e ambientais, para evitar os danos que, conforme ela, serão irreparáveis.
– Não há compensação existente para amenizar os danos que serão causados caso sejam alagados esses 63 hectares, tanto a fauna e a flora, com animais e espécies nativas raras vão apresentar perdas irreparáveis. Além disso, é necessário um estudo completo atualizado sobre os reais impactos ambientais da construção da usina, já que estão sendo usadas informações de 1974 –, cobrou.
As lideranças de Derrubadas ressaltam que não são contrárias à geração de energia, mas salientam que existem outras alternativas, para que o patrimônio ambiental do parque não seja destruído. “Tem outra coisa que me chama atenção, por exemplo, o município de Porto Mauá perderia 70% da sua área municipal. Os agricultores são multados pelo corte de uma árvore e aí este projeto vai alagar mais de 60 hectares do parque, além de área de mata e isso não está sendo levando em conta”, detalhou.
Fonte: Folha do Noroeste
Postado por Marcia Bauer/ Rádio Nativa FM